Marcelo faz sétima mensagem ao país como Presidente com crise política por resolver

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, faz hoje a sua habitual mensagem de Ano Novo, num momento de crise política após três demissões no Governo de maioria absoluta do PS.
Esta é a sétima vez que Marcelo se dirige aos portugueses desde que foi eleito, em 2016, através de uma comunicação ao país pela televisão, apesar de estar no Brasil para assistir à posse do Presidente Lula da Silva.
Antes de partir para Brasília, na sexta-feira, Marcelo disse que não anteciparia as eleições, como pediam os partidos da direita, e defendeu que o Governo de António Costa deve governar.
“A dissolução é uma arma atómica de que dispõe o Presidente da República, não pode usar a arma atómica todos os anos, até por uma razão muito simples: imagine que usa a arma atómica e que o povo português confirma o partido no Governo, com maioria absoluta ou sem maioria absoluta. Já viu a posição em que deixava o Presidente da República? Não a vai utilizar para o ano ou para o ano seguinte, ou o ano seguinte”, argumentou.
Por outro lado, a dissolução do parlamento significa três ou quatro meses de “paragem do país”, apontou, assinalando que, com “a substituição de membros do Governo já há uma interrupção da vida política”.
Só depois do regresso do Brasil o Presidente dará posse - na terça-feira ou na quarta-feira - aos governantes que deixaram o executivo na sequência da indemnização de meio milhão de euros paga pela TAP a Alexandra Reis para abandonar a administração da empresa, no início do ano, apesar de ter depois sido presidente da NAV e, em dezembro, escolhida para secretária de Estado do Tesouro.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, demitiu-se na quarta-feira à noite para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização à ex-secretária de Estado do Tesouro.
Esta foi a terceira demissão do Governo em dois dias, depois de Alexandra Reis e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que também se demitiu.
Na terça-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu a secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros.
A decisão de indemnizar Alexandra Reis, noticiada pelo Correio da Manhã, foi criticada por toda a oposição e posta em causa até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dizer que seria “bonito” prescindir da verba.
Votos de paz, descida da inflação e menos pobreza em 2023
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, formulou como desejos de ano novo paz na Ucrânia, descida da inflação e menos desigualdades e menos pobreza em Portugal, considerando que 2022 não deixa saudades.
O chefe de Estado falava à RTP na residência oficial do embaixador de Portugal em Brasília, onde na noite de passagem de ano ofereceu um jantar a representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que estão na capital brasileira para a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil.
"Muito bom ano também a todos os portugueses, através da RTP, que é de todos os portugueses", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado sobre quais os seus desejos para 2023, o chefe de Estado respondeu: "Paz no mundo, o que significa em primeira linha a paz na Ucrânia. Em segundo lugar, que a inflação desça consideravelmente e que não haja desemprego". "Que não toque o desemprego e que melhore a situação em termos de inflação, que é o flagelo de facto que neste momento se tem. E depois, em terceiro lugar, eu diria que pudesse haver menor desigualdade e menor pobreza", completou.
Estas "são as grandes preocupações, e ao mesmo tempo os grandes desejos e os grandes votos" do Presidente da República para 2023.
Quanto a 2022, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: "Não me deixa saudades, não". O chefe de Estado afirmou que aquilo que mais o marcou foi a guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022.
"Espero que seja possível até ao fim do ano ver caminhos de saída para a guerra, que significa caminhos de saída para a situação económica e financeira em todo o mundo", acrescentou.
Fonte: Sapo 24